segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fobias: Prejuízos e Privação da Liberdade



Amigos,

Segue um artigo que escrevi para a revista Inn Focco e que gostaria de compartilhar com vocês.

O ser humano deve muito a um dos sentimentos que nos proporcionou adaptação e sucesso em nossa jornada neste planeta. Segundo Darwin, o medo foi fundamental para nossa espécie, garantindo nossa evolução e sobrevivência ao longo dos milhares de anos, desde os primeiros hominídeos que habitaram as savanas africanas. Foi pelo medo que nos defendíamos dos predadores e perigos naturais que poderiam ter nos levados à extinção.

No entanto, tudo o que excede e transborda costumam nos trazer prejuízos. O medo excessivo, irracional, ou desproporcional tem acometido milhões de pessoas mundo adentro. Tal transtorno a ciência nomeia de fobias.

A fobia (phobia) é um termo originado de uma palavra grega Phobos (que significa "medo"), utilizado para designar um deus e era quem, aparentemente, evocava considerável medo e pânico em seus inimigos. Fobia é um tipo de medo extremo, desproporcional à situação, o qual não pode ser explicado, nem racionalizado, esta fora do controle voluntário e leva a pessoa evitar a confrontação do objeto ou situação fóbica: aranhas, lugares fechados, altura, etc.
As fobias podem ser caracterizadas em termos de três componentes: cognitivo, fisiológico e comportamental. Em situações fóbicas, uma variedade de respostas cognitivas é disparada: pensamentos de morte, perigo extremo, perda de controle, de não conseguir enfrentar. O corpo reage fisiologicamente: aumento dos batimentos cardíacos, respiração curta e acelerada, tremores, etc. Os comportamentos manifestos são de fuga e esquiva: evitar o objeto ou situações fóbicas, sair correndo...

As fobias específicas são tão diversas, que existe um dicionário de “A a Z” para elas. Variam de fobias de bichos (aracnofobia), lugares (fobia de elevador), situações (Agorafobia - medo de lugares abertos, de estar na multidão). Gostaria, entretanto, de destacar um tipo de fobia que tem assolado milhares de pessoas em nosso país, a Aerofobia.

Uma pesquisa recente do IBOPE revelou que no Brasil, 42% da população tem medo de voar. A média mundial, segundo estudos americanos, é de 30%. A percentagem é maior no Brasil porque nos últimos anos - decorrente do desenvolvimento e crescimento econômico - voar tem sido para milhões de pessoas uma experiência nova, fascinante e assustadora ao mesmo tempo. Estatísticas indicam que por volta de 10% das pessoas evitam voar por uma única razão, o medo ou aerofobia. E um adicional de 20% da população experimentou ansiedade substancial, chegando a pânico enquanto voavam.

Embora seja de conhecimento comum que o avião é um dos meios de transporte mais seguros que existem, onde estatísticas mostram que para cada 1,32 milhão de passageiros de avião, um poderá morrer em acidente aéreo, enquanto mais de 265 poderão morrer indo para ou vindo do aeroporto, grande parte da população continua evitando o transporte aéreo. Dessa forma, o “medo de voar” é uma fobia específica que atinge mais de 30% dos brasileiros e que pode se manifestar em diferentes níveis, do mais ameno, nas pessoas que utilizam o transporte aéreo com receio, sendo última opção, ao mais extremo, nas pessoas que não o utilizam nunca por já se sentirem desesperadas ao se imaginarem entrando em um avião.

Assim como para a maioria dos nossos problemas, fugir do objeto ou situação fóbica não é a melhor opção. Com o desenvolvimento das técnicas da Psicologia Comportamental e Cognitiva para o tratamento desse tipo de fobia e de outras correlatas, a cura do medo de voar passou a ser atingida com um alto índice de sucesso, acima dos 90%, sendo atualmente a melhor alternativa para quem pretende se livrar da aversão exagerada de voar.

Os atendimentos podem ser individuais ou em grupo. De acordo com a demanda, bem como as características de cada paciente. O tratamento prevê em média cerca de doze sessões individuais, ou doze encontros para tratamentos em grupo. Uma abrangente revisão bibliográfica sugere excelentes técnicas que apresentam bons resultados.

Mas, por que tratar algo que eu tento evitar ou fugir sempre que eu posso? Acredito que além dos benefícios em não sentir mais o desconforto extremo vindo da fobia, uma excelente razão é a LIBERDADE. Por conta do medo exagerado, criamos regras que nos limitam, nos aprisionam. O ser humano nasceu para não ter limites, somos do tamanho dos nossos sonhos, não deveríamos ser do tamanho dos nossos pesadelos. Viva a liberdade!

Abraços,

Weslley Nazareth
Psicólogo (CRP/04: 22768)
novo consultório: R: Alexandre Marquez, 463 - Martins
(34) 3237-2525 / 8805-0307
www.mentalhelp.srv.br

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