segunda-feira, 13 de junho de 2011

Compulsão por compras!



Amigos,

Segue um artigo que escrevi para a revista Inn Focco – Fevereiro / 2011 e que gostaria de compartilhar com vocês.

Quem nunca sentiu prazer com alguma compra, atire a primeira pedra. Aquela sensação gostosa de olhar, gostar, experimentar, desejar, cobiçar, sentir o cheiro, o gosto, a textura... As inúmeras qualidades daquele objeto, o coração parece bater mais forte, sim... Sim eu posso! Vou levar. Pago no cartão de crédito, pois assim tenho a sensação de que não estou gastando dinheiro. Vejo alguém embalando, preparando minha aquisição, saio satisfeito, com aquela sensação de prazer, de bem estar. Quando uso o objeto do meu desejo, adquirido nesta compra, sinto-me bem. Como se estivesse com um “que” a mais. Sensação boa, sem prejuízos, sem problemas.

Mas, como quase tudo na vida, o que excede... Gera transtorno. E neste caso, a compulsão pelas compras tem um nome: Transtorno do Comprar Compulsivo, que é uma condição crônica e prevalente encontrada ao redor do mundo, que divide características comuns com Transtornos do Controle do Impulso. Em amostras clínicas, mulheres perfazem mais de 80% dos sujeitos. Sua etiologia é desconhecida, mas mecanismos neurobiológicos e genéticos têm sido propostos. O transtorno apresenta altas taxas de comorbidade com outros transtornos do humor. Isto é, podem aparecer junto com outras doenças, tais como o abuso de substâncias, transtornos alimentares, transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos do controle do impulso.

Existem algumas diferenças importantes entre comprar e o comprar compulsivo. A primeira e mais importante característica é a função da compra. Muitas pessoas encontram-se frustradas em várias áreas de suas vidas: intelectual, afetivo-sexual, familiar, espiritual, profissional, etc. E como estratégia para gerar alívio, tentam compensar tais frustrações com o prazer vindo do ato de comprar. Não obstante, tal ato torna-se vazio, incipiente, pois o problema continua lá, a frustração permanece sem solução.

Outra característica importante da compulsão é a culpa. Normalmente, a pessoa sente-se mal por ter feito uma compra desnecessária. Na maioria das vezes o objeto da compra fica encostado no armário, por exemplo: roupas ainda com etiquetas, guardadas por muito tempo sem sequer serem usadas.
O descontrole pode gerar prejuízos financeiros, uma vez que a pessoa passa a usar inclusive o dinheiro que não tem. Prejuízos nas relações pessoais também são comuns. Parceiros (as) de portadores (as) do Transtorno do Comprar Compulsivo, podem não entender o problema e assim os conflitos podem gerar um prejuízo na qualidade do relacionamento.

As recomendações terapêuticas derivadas da literatura e da experiência clínica sugerem que compradores compulsivos podem se beneficiar de intervenções psicossociais. Modelos de intervenção cognitivo-comportamental podem ser úteis, uma vez que em psicoterapia a pessoa pode resolver as contingências da compulsão por compras. E com técnicas de mudanças de comportamentos gerar maior controle sobre os impulsos, podendo assim fazer uma re-estruturação das fontes de prazer.

O ser humano não nasceu consumindo, aprendemos este comportamento. A esperança é que possamos consumir e não sermos consumidos, sobretudo por uma doença. Viva a Liberdade!

Abraços,

Weslley Nazareth
Psicólogo (CRP/04: 22768)
novo consultório: R: Alexandre Marquez, 463 - Martins
(34) 3237-2525 / 8805-0307
www.mentalhelp.srv.br

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