Boa noite amigos,
Estou abrindo este novo espaço para compartilhar idéias, estudos e reflexões sobre a vida e sobre os caminhos da psicoterapia.
Hoje apresento um pouco sobre mim, utilizando uma entrevista que dei para a futura Jornalista Jaqueline Gomes da Faculdade Católica de Uberlândia (PUC Minas).
Segue as perguntas e respostas:
Antes de começar me fale de você, formação, especialização. Que tipos de casos atende? Onde atua atualmente?
bom, sou graduado pela Faculdade de Psicologia - UFU, fiz especialização em Psicologia Clínica, na abordagem: Terapia Cognitivo-Comportamental. Atendo como Psicólogo Clínico Geral, atualmente priorizo os atendimentos de adolescentes e adultos, infelizmente tive de deixar o atendimento infantil por incompatibilidade de tempo, uma vez que as sessões com crianças demandam um tempo maior de preparação de sessão (jogos, brincadeiras, etc). Atualmente tenho meu consultório em uma clínica de Psiquiatria e Psicologia, situada à R: Alexandre Marquez, 463 - Martins. Acredito que atender em um local destinado à Saúde, sobretudo Saúde Mental, reforça o fator multidisciplinar para melhor atender a demanda.
Qual a diferença entre psicólogo, psiquiatra e psicanalista. Em que tipo de situação é indicado cada profissional?
Todos estes profissionais estão na área de Saúde Mental, a diferença é que o psiquiatra tem por formação inicial, necessariamente a Medicina. Lida com os transtornos mentais com a fármaco-terapia (medicamentos), tratamentos médicos hospitalares (internações, eletroconvulsoterapia, etc). O Psicólogo pode atuar em diversas áreas (Escolar, Organizacional, Hospitalar, Clínica, etc). Quando opta por clínica, trabalha com os mesmos Transtornos Mentais, não obstante as técnicas não são medicamentosas. É a cura pela fala, escuta, etc. O Psicólogo é o único profissional apto a aplicar, avaliar, e corrigir testes psicológicos. A formação em Psicologia se divide em pelo menos três diferentes formações: Licenciatura (prepara para a docência), Bacharelado (habilitando o profissional para algumas áreas, tais como a psicologia escolar, empresarial, etc) e a Formação de Psicólogo, que é imprescindível para a área clínica. O Psicanalista pode ter qualquer formação superior, inclusive não ser da área de saúde (Engenharia, Direito, etc.), e deve fazer uma formação em Psicanálise, de preferência pela Associação Brasileira de Psicanálise) para atuar na área clínica com o ferramental psicanalítico, que baseia-se nas teorias de Freud e seus seguidores. A psicanálise está à parte da ciência. Isto é, o conhecimento psicanaliítico não é baseado na Ciência, portanto qualquer pessoa pode se habilitar, caso assim o deseje. O tratamento psicanalítico baseia-se em alguns princípios: Inconsciente, Associação Livre, etc.
Em que consiste a entrevista inicial. É um diagnostico, ele é realizado na primeira consulta ou é necessário vários encontros para diagnosticar um problema?
A entrevista inicial faz parte do diagnóstico. Em nossa abordagem, a Terapia Cognitivo-Comportamental, o diagnóstico é fundamental. Não se faz terapia sem identificar problemas e queixas, traçar metas e estratégias para solucionar o problema ou a queixa que o paciente demandar. O diagnóstico inicial pode durar algumas sessões (em média três), mas no processo de psicoterapia, o mesmo é refeito ao longo do tratamento, para descobrir possíveis problemas encobertos ou não conscientes do paciente.
Explique sobre a prática da psicoterapia cognitiva ou cognitiva comportamental? Qual a diferença entre esse método com a psicanálise de Freud e o método de Jung? Por que escolheu utilizar essa abordagem em seu trabalho?
A Psicologia, por ser uma ciência nova, que data aproximadamente do final do sec. XIX e início do sec. XX, abrigou diferentes correntes de pensamento, tais como a Psicanálise Freudiana e Neo-freudianas (Jung, Melanie Klein, etc) e do início até os dias de hoje, surgiram inúmeras teorias para explicar os fenômenos e transtornos mentais. A maioria destas teorias, não continham ainda a metodologia científica (o conhecimento baseado em evidências). A Psicologia Cognitiva surge em meados do século XX, seu maior expoente é o Dr. Aaron Beck e os pressupostos são de que pensamentos, crenças, regras geram sentimentos, e possivelmente os sintomas dos Transtornos Mentais, são na verdade erros cognitivos, isto é, erros de interpretações e pensamentos negativos.
A Ciência Comportamental surge no início do século XX, com os experimentos laboratoriais (Pavlov, Watson, etc) e tem como pressuposto que os comportamentos são mantidos ou extintos de acordo com a consequência, que tal comportamento elicia. Isto é, se o comportamento se mantém ou aumenta a frequência é por ter reforçamentos positivos ou negativos. E alguns comportamentos são extintos por terem punição ou não terem reforçamentos (recompensas). A junção das duas ciências permitiu um novo referencial científico, chamado Terapia Cognitivo-Comportamental, cujo modelo básico é o de pensamentos gerarem sentimentos e estes por sua vez influenciarem em comportamentos (não necessariamente nesta mesma ordem). E a partir deste modelo, tentamos elucidar as queixas e sintomas das mais diversas patologias mentais.
A terapia cognitiva comportamental também é indicado para tratamento com crianças? Como os pais devem proceder ao identificar que a crianças está com alguma patologia como depressão ou TOC? Nesses casos a terapia é em família?
A TCC também é indicada para crianças. Faz-se mister engajar os pais no tratamento da criança, uma vez que a maior parte dos problemas ou sintomas infantis, são eliciados ou mantidos pelos pais ou cuidadores. Não se faz Psicoterapia infantil sem a Orientação de pais e ou cuidadores. O cuidado que os pais devem tomar é de conhecer o que é esperado para o desenvolvimento (físico, mental, emocional, etc) da criança e se de alguma forma a criança demonstra prejuízos em determinada área. Uma vez que se percebe alteração de comportamentos o recomendado é passar por uma avaliação de um profissional especializado e capacitado para o diagnóstico.
A terapia cognitiva comportamental pode ser utilizada para qualquer tipo de paciente?
Sim, mas ela é tem uma maior potência com pacientes que não estão em surto psicótico, ou que ainda preservam a capacidade de reconhecimento da realidade. Em geral, as ferramentas podem ser bem aplicadas com pacientes que tem a capacidade cognitiva suficiente para re-avaliar suas interpretações.
Quais são as razões mais comuns para que uma pessoa procure fazer psicoterapia?
Os transtornos sintomáticos (Depressão, Ansiedade, TOC, Dependência Química, etc) figuram dentre as queixas mais comuns dos pacientes que procuram terapia. Problemas de relacionamentos, sobretudo os relacionamentos afetivo-sexuais também são queixas muito comuns nos consultórios de psicoterapia.
Comente sobre as doenças modernas, pânico, depressão e ansiedade. O que voê vê como causa dessas doenças na sociedade moderna?
Estas doenças tem em comum os sintomas, isto é, são doenças que incomodam o indivíduo porque ele percebe claramente os prejuízos no próprio corpo ou nas áreas da vida. Os Transtornos de Ansiedade, incluindo o Transtorno do Pânico, são doenças que tem muito a ver com o estilo de vida. Com a modernidade, vivemos sempre no limite do tempo, não toleramos frustrações, queremos tudo para ontem... O que certamente mantém o indivíduo ansioso grande parte do tempo. Aquelas pessoas que são mais sensíveis à ansiedade (genética) têm um limiar mais baixo para que a ansiedade manifeste os sintomas negativos. A Depressão também tem a interferência do ambiente (social, cultural). Porém, existe um componente neuroquímico importante: deficiência na produção de serotonina, o que faz da Depressão uma doença que deve, na maioria das vezes, ser tratada com psicofarmacos e psicoterapia.
Que dica você pode dar para aquelas pessoas que sabem que estão com algum problema, mas por preconceito ou vergonha não procura ajuda de um profissional?
Sempre digo para as pessoas que fazer psicoterapia é um ato de coragem! Pois se abrir é difícil, sobretudo quando não conhecemos o que faz um psicólogo ou o que se faz em psicoterapia. "Psicólogo ser médico de doido" é coisa do passado. Acredito que todos nós, em algum momento da vida, deveríamos lançar mão desta ajuda, e permitir que os problemas, que sozinhos não damos conta de resolver, sejam avaliados por um profissional capacitado, para que este nos indique ferramentas para gente conseguir resolver nossos problemas.
Como o psicólogo deve proceder para que o problema de seus pacientes não afetem a sua vida pessoal? É necessário que o próprio psicólogo faça terapia com outro profissional?
O profissional de psicologia clínica deve estar capacitado para não absorver ou ser afetado negativamente pelas queixas, problemas ou sintomas dos pacientes - ao que chamamos neutralidade terapêutica. E ao mesmo tempo, ter empatia e compreensão para que o paciente sinta-se seguro e cuidado. Normalmente, a prática leva o psicólogo a tentar separar o profissional do pessoal, para que tanto o paciente se beneficie desta postura, quanto o profissional preserve sua saúde e qualidade de vida. O psicólogo, na Abordagem Cognitivo-Comportamental, não tem que necessariamente estar em terapia para atender os seus pacientes. Mas, como todo mundo, o psicólogo é um ser humano, que também está sujeito aos problemas e patologias. Quando isso ocorrer, certamente seria de bom tom o psicólogo se tratar. Em nossa abordagem, também é importante o terapêuta usar as próprias ferramentas para melhorar possíveis problemas, mas quando ficar difícil fazer isto sozinho, nada melhor do que entrar em um processo de psicoterapia.
Ainda existe resistência à terapia ainda presente em todas as faixas etárias e está relacionada ao preconceito de que psicólogo é coisa para loucos, pessoas desequilibradas e que não são capazes de resolver os problemas por si próprias. Como quebrar esse preconceito na nossa sociedade? Será por falta de informação que ainda têm pessoas que pensam dessa forma?
Eu acredito que ainda existem algumas resistências. Sobretudo, por resquícios culturais e por desinformação. Não obstante, por estarmos em um momento histórico, onde nunca houve tanto avanço, no que tange à disseminação e acesso à informação, acredito que temos avançado muito.
Em minha experiência clínica (que é inferior a uma década) já tive a experiência de tratar pessoas das mais variadas idades, situação sócio-econômica diferentes, profissionais de todo o tipo o que demonstra uma ampliação e generalização da psicoterapia. Acredito que o trabalho sério dos profissionais de Psicologia, sobretudo mostrando a eficiência do processo psicoterápico, seja o caminho mais seguro para a consolidação da Psicologia, tal qual a Medicina está consolidada.
Grande abraço,
Weslley Nazareth
Psicólogo (CRP/04: 22768)
novo consultório: R: Alexandre Marquez, 463 - Martins
(34) 3237-2525 / 8805-0307