segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Conversa entre dois poetas: Carlos Drummond de Andrade & Renato Russo.


Amigos,
 
Segue um artigo que escrevi para a revista Inn Focco – Dezembro / 2012 e que gostaria de compartilhar com vocês.

Certo dia, casualmente, eu estava lendo um dos meus poemas prediletos: E agora José? do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade. Eis um trecho do poema: “E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? ...” Este José, do poema, se parece com muitos dos meus pacientes, que estão em quadros depressivos. Eles sentem-se encurralados, desanimados, culpados, tristes, cansados, sem esperança... Como se nada fosse mudar, como estivessem no fim... Sem saída!

Os Transtornos Depressivos são os quadros que mais geram esta sensação de desamparo e desesperança. Os pacientes tem a sensação de que nada vai melhorar, não existe luz no fim do túnel, aliás, esta é uma alusão muito comum pensar no futuro como um corredor muito extenso e que lá no fundo parece que está tão estreito que não conseguirão passar. Estas sensações provavelmente estão influenciadas por um fenômeno no cérebro: a baixa produção de um neurotransmissor chamado Serotonina. Quando esta importante substância falta é como se o mundo ficasse cinza, daí todas as impressões ficam negativas, pessimistas... Os comportamentos são afetados por estas interpretações e o indivíduo deixa de fazer muitas coisas que antes lhe davam prazer e satisfação. Eles passam a isolar-se, como se fosse uma espécie de desistência.

Daí outro dia, também casualmente, eu ouvia uma bela canção do poeta e músico Renato Russo, chamada Mais Uma Vez. Eis um pequeno trecho: “Mas é claro que o sol vai voltar amanhã mais uma vez, eu sei. Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã. Espera que o sol já vem...”. Imaginei que se fosse possível um diálogo entre os dois poetas: Renato Russo e o Carlos Drummond de Andrade, talvez a esperança pudesse vencer o medo. A música é uma visão terapêutica dos sintomas vistos no poema e seria uma boa oportunidade de ajudar o “José” do poema, mostrando que aquela negatividade, aquela sensação de que nada poderia melhorar é falsa. Que se o “José” pudesse se esforçar, procurar alguma ajuda e olhar por outro ângulo talvez haja não só uma luz no fim do túnel, mas um sol inteiro que volta brilhar.

Evidentemente, os pacientes que nos procuram sobre influência dos sintomas depressivos, merecem todo o cuidado e o entendimento de que tais sintomas não são produzidos voluntariamente, mas que as estratégias para sair destes sintomas dependem de um esforço voluntário para aderir à medicação, quando esta se fizer necessária. E também, buscar enfrentamentos terapêuticos, tais como o trabalho cognitivo, que consiste na mudança de percepção, interpretação e pensamentos a partir técnicas da terapia. Bem como, a mudança de comportamentos, a saber: voltar a praticar comportamentos que o paciente domina (tem habilidades para fazer: trabalho, esporte, convívio social) e sente prazer após a execução dos mesmos.

Acredito que a arte nos inspira reflexões, traz à tona sentimentos e nos permite partilhar das visões dos artistas, que também perpassam por nós mesmos. Dessa forma, penso que vale a pena tentar outro olhar sobre o mesmo fenômeno, ainda que este seja uma patologia como a Depressão. Se você conhece alguém que está passando por um momento parecido com o do “José” apresente outra percepção: A de que o Sol pode voltar a brilhar... Que há esperança, e que a vida merece ser vivida com mais alegria, portanto faz-se mister lutar para alcançar a saúde e a qualidade de vida.
Abraços,
Weslley Nazareth
Psicólogo (CRP/04: 22768)
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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Erotização Infantil: Riscos para o desenvolvimento de nossas crianças


Amigos,

Segue um artigo que escrevi para a revista Inn Focco e que gostaria de compartilhar com vocês.

O conceito de infância não é único, nem estático e tão pouco perene. Segundo o historiador Philippe Áries, a noção da criança inocente que necessita de proteção e cuidados é recente. Conforme os diversos estudos sobre a família e a criança, os quais revelam que na Idade Média não havia nem o sentimento ou o conceito de infância bem definidos. Tais pesquisas evidenciam que as crianças viviam e eram tratadas como mini-adultos, no que se referia a vestuário, trabalhos, sexualidade, etc.

Em nossos dias também não temos um conceito exato de infância. Uma vez que em nosso país temos uma variedade de realidades diferentes, que nossas crianças estão inseridas. Desde as crianças prostituídas, principalmente no norte e nordeste do país; passando pelas crianças vitimadas pelo trabalho escravo, até as crianças bem favorecidas com todas as possibilidades sócio-culturais: escola, esporte, jazz, balé, shopping, internet...

Embora não se tenha consenso, podemos supor cientificamente o que é esperado e saudável para o bom desenvolvimento humano, sobretudo na infância. O que não é saudável, nem mesmo esperado é a exposição de nossas crianças ao apelo do consumismo proposto pelos meios de comunicação, especialmente pela mídia mercadológica, a saber, propagandas que desejam tão somente vender, vender e vender, sem pensar no bem estar e na segurança física e emocional das crianças.

Atualmente vivemos na sociedade do consumo, em que o “bem estar”, está em saciar o desejo momentâneo. Tal imediatismo é percebido cotidianamente e se manifesta nas formas de danças, letras de músicas, roupas, salto alto, maquiagem, e outras tantas. Adultos e crianças estão expostos da mesma maneira, o problema é que as crianças não têm a mesma estrutura e estão sendo precocemente erotizadas. Este termo, erotização, pode nos assustar, mas tão somente quer dizer que estamos forçando o amadurecer das crianças, que bem antes do tempo são expostas ao universo do adulto, por exemplo, através das programações de TV ou ferramentas da internet, tais como sites de relacionamentos.

Os riscos são de queimar etapas. Expor as crianças a um mundo do desejo, que teoricamente elas não estão preparadas. E sendo assim, formarmos uma sociedade desordenada e pautada pela ordem mercadológica, do consumo exagerado.

Nossas crianças não querem ser crianças. Talvez porque não estamos valorizando a infância. É possível que elas sintam-se com uma baixa auto-estima, por ainda não serem adolescentes. Até criou-se o termo: “pré-adolescência” para podermos diminuir o tempo da infância. É preciso valorizar a criança, a infância e tudo o que é próprio e saudável para esta fase do desenvolvimento humano, por exemplo: o lúdico, isto é, o brincar.

Quem vai educar os nossos filhos... A mídia? Quem vai dizer o que é saudável... A TV ou a Internet?

Certa feita, Sócrates, um dos filósofos mais antigos do mundo grego, passeava pelas ruas de Atenas, sobretudo gostava de passear pelo mercado. Naquela época os mercadores perguntavam a Sócrates, o que ele precisava... Ao que o sábio respondia-lhes: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz”.

Precisamos de muito pouco para sentir a verdadeira felicidade. Especialmente quando somos crianças. Viva a infância!

Abraços,

Weslley Nazareth
Psicólogo (CRP/04: 22768)
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Fobias: Prejuízos e Privação da Liberdade



Amigos,

Segue um artigo que escrevi para a revista Inn Focco e que gostaria de compartilhar com vocês.

O ser humano deve muito a um dos sentimentos que nos proporcionou adaptação e sucesso em nossa jornada neste planeta. Segundo Darwin, o medo foi fundamental para nossa espécie, garantindo nossa evolução e sobrevivência ao longo dos milhares de anos, desde os primeiros hominídeos que habitaram as savanas africanas. Foi pelo medo que nos defendíamos dos predadores e perigos naturais que poderiam ter nos levados à extinção.

No entanto, tudo o que excede e transborda costumam nos trazer prejuízos. O medo excessivo, irracional, ou desproporcional tem acometido milhões de pessoas mundo adentro. Tal transtorno a ciência nomeia de fobias.

A fobia (phobia) é um termo originado de uma palavra grega Phobos (que significa "medo"), utilizado para designar um deus e era quem, aparentemente, evocava considerável medo e pânico em seus inimigos. Fobia é um tipo de medo extremo, desproporcional à situação, o qual não pode ser explicado, nem racionalizado, esta fora do controle voluntário e leva a pessoa evitar a confrontação do objeto ou situação fóbica: aranhas, lugares fechados, altura, etc.
As fobias podem ser caracterizadas em termos de três componentes: cognitivo, fisiológico e comportamental. Em situações fóbicas, uma variedade de respostas cognitivas é disparada: pensamentos de morte, perigo extremo, perda de controle, de não conseguir enfrentar. O corpo reage fisiologicamente: aumento dos batimentos cardíacos, respiração curta e acelerada, tremores, etc. Os comportamentos manifestos são de fuga e esquiva: evitar o objeto ou situações fóbicas, sair correndo...

As fobias específicas são tão diversas, que existe um dicionário de “A a Z” para elas. Variam de fobias de bichos (aracnofobia), lugares (fobia de elevador), situações (Agorafobia - medo de lugares abertos, de estar na multidão). Gostaria, entretanto, de destacar um tipo de fobia que tem assolado milhares de pessoas em nosso país, a Aerofobia.

Uma pesquisa recente do IBOPE revelou que no Brasil, 42% da população tem medo de voar. A média mundial, segundo estudos americanos, é de 30%. A percentagem é maior no Brasil porque nos últimos anos - decorrente do desenvolvimento e crescimento econômico - voar tem sido para milhões de pessoas uma experiência nova, fascinante e assustadora ao mesmo tempo. Estatísticas indicam que por volta de 10% das pessoas evitam voar por uma única razão, o medo ou aerofobia. E um adicional de 20% da população experimentou ansiedade substancial, chegando a pânico enquanto voavam.

Embora seja de conhecimento comum que o avião é um dos meios de transporte mais seguros que existem, onde estatísticas mostram que para cada 1,32 milhão de passageiros de avião, um poderá morrer em acidente aéreo, enquanto mais de 265 poderão morrer indo para ou vindo do aeroporto, grande parte da população continua evitando o transporte aéreo. Dessa forma, o “medo de voar” é uma fobia específica que atinge mais de 30% dos brasileiros e que pode se manifestar em diferentes níveis, do mais ameno, nas pessoas que utilizam o transporte aéreo com receio, sendo última opção, ao mais extremo, nas pessoas que não o utilizam nunca por já se sentirem desesperadas ao se imaginarem entrando em um avião.

Assim como para a maioria dos nossos problemas, fugir do objeto ou situação fóbica não é a melhor opção. Com o desenvolvimento das técnicas da Psicologia Comportamental e Cognitiva para o tratamento desse tipo de fobia e de outras correlatas, a cura do medo de voar passou a ser atingida com um alto índice de sucesso, acima dos 90%, sendo atualmente a melhor alternativa para quem pretende se livrar da aversão exagerada de voar.

Os atendimentos podem ser individuais ou em grupo. De acordo com a demanda, bem como as características de cada paciente. O tratamento prevê em média cerca de doze sessões individuais, ou doze encontros para tratamentos em grupo. Uma abrangente revisão bibliográfica sugere excelentes técnicas que apresentam bons resultados.

Mas, por que tratar algo que eu tento evitar ou fugir sempre que eu posso? Acredito que além dos benefícios em não sentir mais o desconforto extremo vindo da fobia, uma excelente razão é a LIBERDADE. Por conta do medo exagerado, criamos regras que nos limitam, nos aprisionam. O ser humano nasceu para não ter limites, somos do tamanho dos nossos sonhos, não deveríamos ser do tamanho dos nossos pesadelos. Viva a liberdade!

Abraços,

Weslley Nazareth
Psicólogo (CRP/04: 22768)
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A raiva... É possível controlá-la?



Amigos,

Segue um artigo que escrevi para a revista Inn Focco – Abril / 2011 e que gostaria de compartilhar com vocês.

Somos seres humanos. E por isso, temos a potência de sentir. Sentimentos positivos, como a alegria, a tranqüilidade, o amor. Ou sentimentos negativos: ódio, tristeza, raiva. Nós só percebemos os sentimentos quando estes se manifestam em nossos corpos. Por exemplo, quando estamos tranqüilos, nossos músculos relaxam, nossa respiração fica mais lenta e profunda, nosso coração bate mais cadenciado. Não obstante, quando sentimos raiva um furacão passa dentro de nós, a respiração fica mais curta, o organismo dispara substâncias químicas como a adrenalina, cortisol, e por conseqüência o coração dispara, nos preparamos para a fuga ou luta. Imaginemos que uma pessoa, no dia a dia, passe por muitos momentos de raiva. Então, podemos prever que o corpo vai reagir negativamente várias vezes. Podendo predispor o organismo a algumas doenças e certamente à perda da qualidade de vida.

Mas existe um jeito de controlar a raiva? Muitas teorias vão tentar nos ajudar a controlar este sentimento. Gostaria de frisar duas delas: A filosofia de Sêneca e a Terapia Cognitivo-Comportamental.

Sêneca nasceu em Córdoba, na Espanha, no ano I da Era Cristã. Sêneca era o filósofo mais popular de sua época, e escreveu mais de vinte livros com conselhos práticos para as mais variadas áreas da vida. Viveu em Roma, foi tutor de Nero, aquele mesmo que colocou fogo em Roma, e que mais tarde condenaria Sêneca ao suicídio.

Em uma das obras importantes do filósofo, ele trata sobre a raiva, e como lidar com ela. Na visão de Sêneca as pessoas criam muitas expectativas positivas e irreais sobre a vida e tal interpretação sobre o mundo oferece frustrações que nos deixam com muita raiva. Por exemplo, quando estamos no trânsito e acontece algo que nos deixa com raiva, certamente passam pensamentos por nossa mente: “Que absurdo”! “Isso não pode estar acontecendo”! “Não acredito”! Deste modo, acreditamos piamente que as pessoas não poderiam errar no trânsito. A batida, a fechada, a “barbeiragem” são inaceitáveis. Pois bem, um conselho do filósofo romano é começar entender que coisas ruins podem acontecer, e o ideal seria adequar as expectativas ao modo mais realista possível. Por exemplo, quando saio de casa dirigindo algum veículo, posso acreditar, que mesmo não desejando, algo ruim pode acontecer no trânsito. É possível! Errar é humano! Ninguém está livre de falhar! Interpretando desta forma, quando acontece algo (que já era previsto) não tenho o sentimento avassalador da raiva. Talvez eu pense: “Eu disse que era possível”! E provavelmente irei lidar melhor com os eventos que geram frustrações, passando para a assertividade: uma postura educada, sincera e com vistas às mudanças.

As bases teóricas da Terapia Cognitivo-Comportamental vão nos indicar que todo sentimento é precedido por pensamentos e por conseqüência influencia algum comportamento. Quando em alguma situação sentimos raiva, provavelmente pensamentos negativos povoam nossa mente, e a partir daí podemos fazer coisas (comportamentos) que podem nos prejudicar. Tentar questionar se o que pensamos quando estamos com raiva é algo racional, verdadeiro, justo, pode nos dar alternativas de pensamentos que diminuem a intensidade da raiva. Além disso, se o que faço quando estou com raiva gera prejuízos, posso questionar se existe outra forma de reação, mais adequada para a situação. Muitas vezes nos arrependemos do que fazemos quando estamos com raiva. Adiar a decisão para um momento mais tranqüilo pode ser a opção mais inteligente.

E para fechar esta reflexão, gostaria de citar o cientista Albert Einstein: “A paz é a única forma de nos sentirmos realmente humanos.”

Abraços,

Weslley Nazareth
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Compulsão por compras!



Amigos,

Segue um artigo que escrevi para a revista Inn Focco – Fevereiro / 2011 e que gostaria de compartilhar com vocês.

Quem nunca sentiu prazer com alguma compra, atire a primeira pedra. Aquela sensação gostosa de olhar, gostar, experimentar, desejar, cobiçar, sentir o cheiro, o gosto, a textura... As inúmeras qualidades daquele objeto, o coração parece bater mais forte, sim... Sim eu posso! Vou levar. Pago no cartão de crédito, pois assim tenho a sensação de que não estou gastando dinheiro. Vejo alguém embalando, preparando minha aquisição, saio satisfeito, com aquela sensação de prazer, de bem estar. Quando uso o objeto do meu desejo, adquirido nesta compra, sinto-me bem. Como se estivesse com um “que” a mais. Sensação boa, sem prejuízos, sem problemas.

Mas, como quase tudo na vida, o que excede... Gera transtorno. E neste caso, a compulsão pelas compras tem um nome: Transtorno do Comprar Compulsivo, que é uma condição crônica e prevalente encontrada ao redor do mundo, que divide características comuns com Transtornos do Controle do Impulso. Em amostras clínicas, mulheres perfazem mais de 80% dos sujeitos. Sua etiologia é desconhecida, mas mecanismos neurobiológicos e genéticos têm sido propostos. O transtorno apresenta altas taxas de comorbidade com outros transtornos do humor. Isto é, podem aparecer junto com outras doenças, tais como o abuso de substâncias, transtornos alimentares, transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos do controle do impulso.

Existem algumas diferenças importantes entre comprar e o comprar compulsivo. A primeira e mais importante característica é a função da compra. Muitas pessoas encontram-se frustradas em várias áreas de suas vidas: intelectual, afetivo-sexual, familiar, espiritual, profissional, etc. E como estratégia para gerar alívio, tentam compensar tais frustrações com o prazer vindo do ato de comprar. Não obstante, tal ato torna-se vazio, incipiente, pois o problema continua lá, a frustração permanece sem solução.

Outra característica importante da compulsão é a culpa. Normalmente, a pessoa sente-se mal por ter feito uma compra desnecessária. Na maioria das vezes o objeto da compra fica encostado no armário, por exemplo: roupas ainda com etiquetas, guardadas por muito tempo sem sequer serem usadas.
O descontrole pode gerar prejuízos financeiros, uma vez que a pessoa passa a usar inclusive o dinheiro que não tem. Prejuízos nas relações pessoais também são comuns. Parceiros (as) de portadores (as) do Transtorno do Comprar Compulsivo, podem não entender o problema e assim os conflitos podem gerar um prejuízo na qualidade do relacionamento.

As recomendações terapêuticas derivadas da literatura e da experiência clínica sugerem que compradores compulsivos podem se beneficiar de intervenções psicossociais. Modelos de intervenção cognitivo-comportamental podem ser úteis, uma vez que em psicoterapia a pessoa pode resolver as contingências da compulsão por compras. E com técnicas de mudanças de comportamentos gerar maior controle sobre os impulsos, podendo assim fazer uma re-estruturação das fontes de prazer.

O ser humano não nasceu consumindo, aprendemos este comportamento. A esperança é que possamos consumir e não sermos consumidos, sobretudo por uma doença. Viva a Liberdade!

Abraços,

Weslley Nazareth
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Quando o amor se transforma em doença



Amigos,

Segue um artigo que escrevi para a revista Inn Focco – Maio / 2011 e que gostaria de compartilhar com vocês.
Ah o amor... Hum a paixão! Parecem sentimentos maravilhosos, e são mesmo. No entanto, em alguns casos estes sentimentos podem levar vários amantes e apaixonados do céu ao inferno em pouco tempo.

Primeiramente seria importante nos atermos a uma das inúmeras explicações e teorias acerca do amor e da paixão, que estão descritas desde a antiguidade. A ciência nos explica que estes dois sentimentos têm papéis diferentes e são igualmente importantes para a evolução da nossa espécie. Quanto à paixão, a ciência nomeia o termo “atração”. É uma tempestade química em nosso cérebro. Uma das experiências humanas mais imprevisíveis, ilógica, caótica e menos sujeita a regras de nossa natureza. Caminhamos pela vida, e de repente uma pessoa estranha (ou não) captura todo o nosso interesse e toma conta de todo o nosso sentimento. Normalmente nos apaixonamos em um estalar de dedos. Na maioria das vezes é uma característica qualquer do outro, que estimula nossos sentidos: o tom da voz, o cheiro (feromônios), o toque, o gosto (beijo), o olhar, o sorriso... Quiça, não seja uma mescla dessas características. A paixão tem um forte apelo do desejo sexual, e normalmente impulsiona os pares para a experiência marcante das interações sexuais. A atração foi e é uma peça chave para a manutenção e sobrevivência de nossa espécie.

Quanto ao amor, a ciência nomeia de “apego”. Seria como uma evolução da paixão. Uma forma mais compromissada, serena, pacata e madura da atração. Quando existe o apego, muitas reações neuroquímicas importantes se dão em nosso cérebro. Essas modificações cerebrais podem perdurar por muito mais tempo do que a atração. O apego teve e tem um papel fundamental na manutenção dos relacionamentos. O que na evolução garantiu a manutenção das figuras parentais (pai e mãe) para proteção e sobrevivência da prole (filhos).

Quando a atração ou o apego se dão com pares, que não necessariamente estão numa mesma sintonia, formas de patologias podem se instalar. Os transtornos de ansiedade e os episódios depressivos são muito comuns. Geralmente pessoas que não estão sendo correspondidas em seus sentimentos, experimentam uma série de sintomas, que podem ocasionar prejuízos nas mais variadas áreas da vida (profissional, intelectual, social...) levando ao adoecimento do indivíduo.

Certa feita, em um trabalho realizado no Hospital Psiquiátrico por alunos de psicologia, fora proposto que os internos escrevessem frases que explicassem o que é a loucura. Uma mulher, que estava internada devido a um surto psicótico, escreveu a seguinte frase: “A loucura é o vazio da solidão de quem ama”. Até hoje, não encontrei definição mais bela e coerente para a loucura.

Ainda temos o amor patológico, que se caracteriza pelo comportamento de prestar cuidados e atenção ao parceiro (a), de maneira repetitiva e desprovida de controle, em um relacionamento amoroso. Tudo em excesso faz mal, até mesmo o amor. Uma forma de amor, onde o outro se anula, não é autêntico, perde a capacidade de cuidar da própria vida, torna-se doentio e traz inúmeros prejuízos para o sujeito e o “objeto” de seu sentimento.

Em minha experiência clínica, muitas pessoas procuram o atendimento psicoterápico, com queixas sobre relacionamentos afetivo-sexuais, os quais se tornaram fontes de problemas. A terapia pode ajudar o paciente lidar com os sintomas (ansiedade, depressivos, etc), re-significar as relações, melhorar o desempenho perdido em outras áreas importante da vida. E sobretudo, potencializar esta máquina exclusiva de amar e se apaixonar, que foi aprimorada ao longo de milênios, para cumprir ao que fomos destinados: AMAR E SER AMADO!

Abraços,

Weslley Nazareth
Psicólogo (CRP/04: 22768)
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O que é TCC - Terapia Cognitiva Comportamental?



Boa noite amigos,

Estou abrindo este novo espaço para compartilhar idéias, estudos e reflexões sobre a vida e sobre os caminhos da psicoterapia.

Hoje apresento um pouco sobre mim, utilizando uma entrevista que dei para a futura Jornalista Jaqueline Gomes da Faculdade Católica de Uberlândia (PUC Minas).

Segue as perguntas e respostas:

Antes de começar me fale de você, formação, especialização. Que tipos de casos atende? Onde atua atualmente?

bom, sou graduado pela Faculdade de Psicologia - UFU, fiz especialização em Psicologia Clínica, na abordagem: Terapia Cognitivo-Comportamental. Atendo como Psicólogo Clínico Geral, atualmente priorizo os atendimentos de adolescentes e adultos, infelizmente tive de deixar o atendimento infantil por incompatibilidade de tempo, uma vez que as sessões com crianças demandam um tempo maior de preparação de sessão (jogos, brincadeiras, etc). Atualmente tenho meu consultório em uma clínica de Psiquiatria e Psicologia, situada à R: Alexandre Marquez, 463 - Martins. Acredito que atender em um local destinado à Saúde, sobretudo Saúde Mental, reforça o fator multidisciplinar para melhor atender a demanda.

Qual a diferença entre psicólogo, psiquiatra e psicanalista. Em que tipo de situação é indicado cada profissional?

Todos estes profissionais estão na área de Saúde Mental, a diferença é que o psiquiatra tem por formação inicial, necessariamente a Medicina. Lida com os transtornos mentais com a fármaco-terapia (medicamentos), tratamentos médicos hospitalares (internações, eletroconvulsoterapia, etc). O Psicólogo pode atuar em diversas áreas (Escolar, Organizacional, Hospitalar, Clínica, etc). Quando opta por clínica, trabalha com os mesmos Transtornos Mentais, não obstante as técnicas não são medicamentosas. É a cura pela fala, escuta, etc. O Psicólogo é o único profissional apto a aplicar, avaliar, e corrigir testes psicológicos. A formação em Psicologia se divide em pelo menos três  diferentes formações: Licenciatura (prepara para a docência), Bacharelado (habilitando o profissional para algumas áreas, tais como a psicologia escolar, empresarial, etc) e a Formação de Psicólogo, que é imprescindível para a área clínica. O Psicanalista pode ter qualquer formação superior, inclusive não ser da área de saúde (Engenharia, Direito, etc.), e deve fazer uma formação em Psicanálise, de preferência pela Associação Brasileira de Psicanálise) para atuar na área clínica com o ferramental psicanalítico, que baseia-se nas teorias de Freud e seus seguidores. A psicanálise está à parte da ciência. Isto é, o conhecimento psicanaliítico não é baseado na Ciência, portanto qualquer pessoa pode se habilitar, caso assim o deseje. O tratamento psicanalítico baseia-se em alguns princípios: Inconsciente, Associação Livre, etc.

Em que consiste a entrevista inicial. É um diagnostico, ele é realizado na primeira consulta ou é necessário vários encontros para diagnosticar um problema?

A entrevista inicial faz parte do diagnóstico. Em nossa abordagem, a Terapia Cognitivo-Comportamental, o diagnóstico é fundamental. Não se faz terapia sem identificar problemas e queixas, traçar metas e estratégias para solucionar o problema ou a queixa que o paciente demandar. O diagnóstico inicial pode durar algumas sessões (em média três), mas no processo de psicoterapia, o mesmo é refeito ao longo do tratamento, para descobrir possíveis problemas encobertos ou não conscientes do paciente.

Explique sobre a prática da psicoterapia cognitiva ou cognitiva comportamental? Qual a diferença entre esse método com a psicanálise de Freud e o método de Jung? Por que escolheu utilizar essa abordagem em seu trabalho?

A Psicologia, por ser uma ciência nova, que data aproximadamente do final do sec. XIX e início do sec. XX, abrigou diferentes correntes de pensamento, tais como a Psicanálise Freudiana e Neo-freudianas (Jung, Melanie Klein, etc) e do início até os dias de hoje, surgiram inúmeras teorias para explicar os fenômenos e transtornos mentais. A maioria destas teorias, não continham ainda a metodologia científica (o conhecimento baseado em evidências). A Psicologia Cognitiva surge em meados do século XX, seu maior expoente é o Dr. Aaron Beck e os pressupostos são de que pensamentos, crenças, regras geram sentimentos, e possivelmente os sintomas dos Transtornos Mentais, são na verdade erros cognitivos, isto é, erros de interpretações e pensamentos negativos.
A Ciência Comportamental surge no início do século XX, com os experimentos laboratoriais (Pavlov, Watson, etc) e tem como pressuposto que os comportamentos são mantidos ou extintos de acordo com a consequência, que tal comportamento elicia. Isto é, se o comportamento se mantém ou aumenta a frequência é por ter reforçamentos positivos ou negativos. E alguns comportamentos são extintos por terem punição ou não terem reforçamentos (recompensas). A junção das duas ciências permitiu um novo referencial científico, chamado Terapia Cognitivo-Comportamental, cujo modelo básico é o de pensamentos gerarem sentimentos e estes por sua vez influenciarem em comportamentos (não necessariamente nesta mesma ordem). E a partir deste modelo, tentamos elucidar as queixas e sintomas das mais diversas patologias mentais.

A terapia cognitiva comportamental também é indicado para tratamento com crianças? Como os pais devem proceder ao identificar que a crianças está com alguma patologia como depressão ou TOC? Nesses casos a terapia é em família?

A TCC também é indicada para crianças. Faz-se mister engajar os pais no tratamento da criança, uma vez que a maior parte dos problemas ou sintomas infantis, são eliciados ou mantidos pelos pais ou cuidadores. Não se faz Psicoterapia infantil sem a Orientação de pais e ou cuidadores. O cuidado que os pais devem tomar é de conhecer o que é esperado para o desenvolvimento (físico, mental, emocional, etc) da criança e se de alguma forma a criança demonstra prejuízos em determinada área. Uma vez que se percebe alteração de comportamentos o recomendado é passar por uma avaliação de um profissional especializado e capacitado para o diagnóstico.

A terapia cognitiva comportamental pode ser utilizada para qualquer tipo de paciente?

Sim, mas ela é tem uma maior potência com pacientes que não estão em surto psicótico, ou que ainda preservam a capacidade de reconhecimento da realidade. Em geral, as ferramentas podem ser bem aplicadas com pacientes que tem a capacidade cognitiva suficiente para re-avaliar suas interpretações. 

Quais são as razões mais comuns para que uma pessoa procure fazer psicoterapia?

Os transtornos sintomáticos (Depressão, Ansiedade, TOC, Dependência Química, etc) figuram dentre as queixas mais comuns dos pacientes que procuram terapia. Problemas de relacionamentos, sobretudo os relacionamentos afetivo-sexuais também são queixas muito comuns nos consultórios de psicoterapia.

Comente sobre as doenças modernas, pânico, depressão e ansiedade. O que voê vê como causa dessas doenças na sociedade moderna?

Estas doenças tem em comum os sintomas, isto é, são doenças que incomodam o indivíduo porque ele percebe claramente os prejuízos no próprio corpo ou nas áreas da vida. Os Transtornos de Ansiedade, incluindo o Transtorno do Pânico, são doenças que tem muito a ver com o estilo de vida. Com a modernidade, vivemos sempre no limite do tempo, não toleramos frustrações, queremos tudo para ontem... O que certamente mantém o indivíduo ansioso grande parte do tempo. Aquelas pessoas que são mais sensíveis à ansiedade (genética) têm um limiar mais baixo para que a ansiedade manifeste os sintomas negativos. A Depressão também tem a interferência do ambiente (social, cultural). Porém, existe um componente neuroquímico importante: deficiência na produção de serotonina, o que faz da Depressão uma doença que deve, na maioria das vezes, ser tratada com psicofarmacos e psicoterapia.

Que dica você pode dar para aquelas pessoas que sabem que estão com algum problema, mas por preconceito ou vergonha não procura ajuda de um profissional?

Sempre digo para as pessoas que fazer psicoterapia é um ato de coragem! Pois se abrir é difícil, sobretudo quando não conhecemos o que faz um psicólogo ou o que se faz em psicoterapia. "Psicólogo ser médico de doido" é coisa do passado. Acredito que todos nós, em algum momento da vida, deveríamos lançar mão desta ajuda, e permitir que os problemas, que sozinhos não damos conta de resolver, sejam avaliados por um profissional capacitado, para que este nos indique ferramentas para gente conseguir resolver nossos problemas.

Como o psicólogo deve proceder para que o problema de seus pacientes não afetem a sua vida pessoal? É necessário que o próprio psicólogo faça terapia com outro profissional?

O profissional de psicologia clínica deve estar capacitado para não absorver ou ser afetado negativamente pelas queixas, problemas ou sintomas dos pacientes - ao que chamamos neutralidade terapêutica. E ao mesmo tempo, ter empatia e compreensão para que o paciente sinta-se seguro e cuidado. Normalmente, a prática leva o psicólogo a tentar separar o profissional do pessoal, para que tanto o paciente se beneficie desta postura, quanto o profissional preserve sua saúde e qualidade de vida. O psicólogo, na Abordagem Cognitivo-Comportamental, não tem que necessariamente estar em terapia para atender os seus pacientes. Mas, como todo mundo, o psicólogo é um ser humano, que também está sujeito aos problemas e patologias. Quando isso ocorrer, certamente seria de bom tom o psicólogo se tratar. Em nossa abordagem, também é importante o terapêuta usar as próprias ferramentas para melhorar possíveis problemas, mas quando ficar difícil fazer isto sozinho, nada melhor do que entrar em um processo de psicoterapia.

Ainda existe resistência à terapia ainda presente em todas as faixas etárias e está relacionada ao preconceito de que psicólogo é coisa para loucos, pessoas desequilibradas e que não são capazes de resolver os problemas por si próprias. Como quebrar esse preconceito na nossa sociedade? Será por falta de informação que ainda têm pessoas que pensam dessa forma?

Eu acredito que ainda existem algumas resistências. Sobretudo, por resquícios culturais e por desinformação. Não obstante, por estarmos em um momento histórico, onde nunca houve tanto avanço, no que tange à disseminação e acesso à informação, acredito que temos avançado muito.
Em minha experiência clínica (que é inferior a uma década) já tive a experiência de tratar pessoas das mais variadas idades, situação sócio-econômica diferentes, profissionais de todo o tipo o que demonstra uma ampliação e generalização da psicoterapia. Acredito que o trabalho sério dos profissionais de Psicologia, sobretudo mostrando a eficiência do processo psicoterápico, seja o caminho mais seguro para a consolidação da Psicologia, tal qual a Medicina está consolidada.

Grande abraço,

Weslley Nazareth
Psicólogo (CRP/04: 22768)
novo consultório: R: Alexandre Marquez, 463 - Martins
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