Amigos,
Segue um artigo que escrevi para a revista Inn Focco e que gostaria de compartilhar com vocês.
O conceito de infância não é único, nem estático e tão pouco perene. Segundo o historiador Philippe Áries, a noção da criança inocente que necessita de proteção e cuidados é recente. Conforme os diversos estudos sobre a família e a criança, os quais revelam que na Idade Média não havia nem o sentimento ou o conceito de infância bem definidos. Tais pesquisas evidenciam que as crianças viviam e eram tratadas como mini-adultos, no que se referia a vestuário, trabalhos, sexualidade, etc.
Em nossos dias também não temos um conceito exato de infância. Uma vez que em nosso país temos uma variedade de realidades diferentes, que nossas crianças estão inseridas. Desde as crianças prostituídas, principalmente no norte e nordeste do país; passando pelas crianças vitimadas pelo trabalho escravo, até as crianças bem favorecidas com todas as possibilidades sócio-culturais: escola, esporte, jazz, balé, shopping, internet...
Embora não se tenha consenso, podemos supor cientificamente o que é esperado e saudável para o bom desenvolvimento humano, sobretudo na infância. O que não é saudável, nem mesmo esperado é a exposição de nossas crianças ao apelo do consumismo proposto pelos meios de comunicação, especialmente pela mídia mercadológica, a saber, propagandas que desejam tão somente vender, vender e vender, sem pensar no bem estar e na segurança física e emocional das crianças.
Atualmente vivemos na sociedade do consumo, em que o “bem estar”, está em saciar o desejo momentâneo. Tal imediatismo é percebido cotidianamente e se manifesta nas formas de danças, letras de músicas, roupas, salto alto, maquiagem, e outras tantas. Adultos e crianças estão expostos da mesma maneira, o problema é que as crianças não têm a mesma estrutura e estão sendo precocemente erotizadas. Este termo, erotização, pode nos assustar, mas tão somente quer dizer que estamos forçando o amadurecer das crianças, que bem antes do tempo são expostas ao universo do adulto, por exemplo, através das programações de TV ou ferramentas da internet, tais como sites de relacionamentos.
Os riscos são de queimar etapas. Expor as crianças a um mundo do desejo, que teoricamente elas não estão preparadas. E sendo assim, formarmos uma sociedade desordenada e pautada pela ordem mercadológica, do consumo exagerado.
Nossas crianças não querem ser crianças. Talvez porque não estamos valorizando a infância. É possível que elas sintam-se com uma baixa auto-estima, por ainda não serem adolescentes. Até criou-se o termo: “pré-adolescência” para podermos diminuir o tempo da infância. É preciso valorizar a criança, a infância e tudo o que é próprio e saudável para esta fase do desenvolvimento humano, por exemplo: o lúdico, isto é, o brincar.
Quem vai educar os nossos filhos... A mídia? Quem vai dizer o que é saudável... A TV ou a Internet?
Certa feita, Sócrates, um dos filósofos mais antigos do mundo grego, passeava pelas ruas de Atenas, sobretudo gostava de passear pelo mercado. Naquela época os mercadores perguntavam a Sócrates, o que ele precisava... Ao que o sábio respondia-lhes: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz”.
Precisamos de muito pouco para sentir a verdadeira felicidade. Especialmente quando somos crianças. Viva a infância!
Abraços,
Weslley Nazareth
Psicólogo (CRP/04: 22768)
novo consultório: R: Alexandre Marquez, 463 - Martins
(34) 3237-2525 / 8805-0307
www.mentalhelp.srv.br
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